Sunday, April 02, 2006

Verdade...

O ser humano é preguiçoso por natureza. É inegável que durante toda nossa vida, inúmeras vezes ao dia, fazemos as coisas do modo errado pelo simples fato de tentarmos fazê-las do modo mais fácil. Quando perdemos qualquer sorte de objeto, antes mesmo de procurarmos ao nosso redor, nos viramos para a pessoa mais próxima e indagamos: “Você pegou meu não-sei-que-lá?”. É o modo mais fácil e menos trabalhoso de se chegar a um objetivo. Somos assim o tempo todo. Mas é exatamente quando devemos agir assim que metemos as mãos pelos pés e complicamos tudo.Por que o amor nos faz complicar o que seria simples? Todos amam. Não há nada de errado em amar. O mundo precisa de amor. Faz parte da nossa natureza amar e procurar ser amado. Por que será então que buscamos isso da maneira mais complicada possível? Não nos interessamos pelo que está ao nosso lado, mas sim pelo que só conhecemos de vista. Não damos crédito a quem bate à nossa porta, mas sim à quem bate a porta na nossa cara.Platão dizia que o amor é um grave distúrbio mental. Ora, e o que mais poderia fazer o ser humano agir de maneira contrária àquilo que lhe é de costume e lhe parece certo além de um grave distúrbio mental? Hoje em dia dizem que o amor é cego. Platão defendia a teoria de que o amor cega. O amor não é cego, mas nos torna cegos. Uma pessoa apaixonada é uma pessoa obsessiva em potencial. Tornamos verdade mentiras tão grandes quanto talvez o próprio amor. E, para quem ama, mentiras são verdades absolutas. O que todo mundo vê não lhe parece real. Por que pareceria, se você vê de forma diferente? A mente é nossa arma mais poderosa. Pode se tornar nossa maior inimiga, pregando peças e nos fazendo crer piamente naquilo que nos convém. Dizem que a mentira, quando dita mil vezes, vira verdade. Uma mentira projetada para nos agradar vira verdade logo na primeira vez em que a imaginamos. Tudo para nos acolher na teoria de que estamos certos sobre o que vemos, mas que não existe.E como tudo que funciona na teoria tem a prática como sua inimiga, o amor também encontra sua perdição em sua própria realização. As pessoas não são como queremos que fossem. As pessoas não nos amam como queríamos que amassem. As pessoas não agem e não respondem às nossas perguntas e lançam suas próprias de acordo com o roteiro imaginário que criamos em nossas cabeças onde tudo funciona perfeitamente. Talvez façam isso de acordo com seu próprio roteiro, mas a verdade é que cada roteiro é diferente do outro. Concentramo-nos tanto no que sentimos que nos esquecemos que cada pessoa é a personagem principal de sua própria vida e que somos meros coadjuvantes ou, pior, figurantes. Quando conseguimos as coisas que mais lutamos para ter, percebemos que elas não são tudo aquilo que imaginávamos. E é aí que todas nossas teorias vão por água a baixo.Talvez fazer as coisas do modo mais fácil seja, enfim, o melhor modo de fazê-las. Se não der certo, basta fazer de novo de outro modo. Uma hora conseguimos acertar. E sempre existe a chance de acertamos de primeira. Muito trabalho e pouca diversão fizeram de Jack um homem infeliz. Quem sabe se, assim como o hotel Overlook, o amor não torna a mente infeliz por causar tanto trabalho e proporcionar tão pouca diversão? A diversão ocupa a mente. E, novamente, existe sempre a chance de acertarmos de primeira. Mas, se não acontecer, basta tentarmos de novo. Na teoria parece fácil...

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